Sinto muito mas não me esperem

7.3.10

Uma escolha, não uma condição

Por todas as vezes que se olharam nos olhos e quiseram chorar, por tantas outras vezes que à noite partilharam a cama sem se encontrarem, sem se tocarem. Pelas vezes em que choraram sem ninguém os ver. Pelas alturas em que pensaram que seguir em frente numa curva era o melhor caminho, os momentos em que desejaram o mal um do outro. As vezes em que estranharam o próprio reflexo no espelho, os momentos em que gritaram ‘NÃO FOI CONTIGO QUE EU ESCOLHI FICAR’. De cada vez que se arrostaram sem medo e abriram a alma para falar a verdade (e o arrependimento que se seguiu, uma vez ou outra), sempre que se abordaram e sentiram o toque de um ser estranho, repelente. Por cada mentira dita sem pensar, por cada desculpa encontrada para esconder o sofrimento de uma felicidade acabada. Pelas alturas em que entraram no mar sem olhar para trás, as ocasiões em que conduziram sós até ao final da linha, onde tudo é escuro e sombrio, eles e a música da rádio, eles e os pensamentos frios e soturnos. Pelas noites em que se embriagaram até que a cabeça se lhes adormecesse, as manhãs em que não quiseram chegar a casa. Os dias em que não se cruzaram, os dias seguintes em que tiveram que se enfrentar.

Não por isto, mas pelo que fez com que nunca desistissem.

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