Sinto muito mas não me esperem

22.10.07

Porque todos se sentem como eu

No outro dia passei naquela esquina e "não pode!!!?". Como poderia alguém pensar em fazer-me passar por uma situação daquelas, uma situação sem rémedio publicado?!
Decidi ir em frente e esquecer-me daquela afronta, daquela montra decadentista que lembrava os 'loucos anos 30'. Mas ainda sem acreditar naquela piada de mau gosto, parei e pensei que por mais confiante e independente, mente-aberta e pro-globalização que uma pessoa fosse, nunca poderia de tão frívola forma, apagar tal episódio de sua vida. Voltei atrás, sim, foi o que fiz, alguém tinha de responder e defender a dignidade da comunidade. Eles iam ver com quantos paus se faz uma canoa, que é grão-a-grão mas que a galinha sempre enche o papo!
Que desplante, que humilhação, quem teria tido a coragem de... (!?) Foi então que reparei que outra como eu tinha parado perante o espectáculo, e olhava muito admirada para o que se podia ver a olho nu. Observei-a e depois de algum tempo soltei o derradeiro comentário de desaprovação, em busca de uma aprovação. Pior seria o que viria no segundo posterior. Olhou-me com os seus olhos ternos e calmos e sem qualquer sentido depreciativo acusou-me de não aceitar a evolução, de não compreender o incompreendido. Disse-lhe que se tratava de uma afronta pessoal, de um caso específicamente formulado para me atingir a mim. Chamou-me egoísta, egocêntrica. Eu?! Egoísta?! Eu que se pudesse dava a dízima a comunidade, numa tentativa de igualdade e justiça. Eu, que em pequena repartia o lanche no intervalo. Eu, que por nunca ter sido filha única conhecia bem o significado de ter um irmão tirano e de não ter qualquer controlo sobre nada que alguma vez julgasse ser meu.

Por não conseguir responder retomei o meu caminho, e foi aí que esqueci para sempre aquilo que tinha visto, para me lembrar daquilo que tinha ouvido. Preferia ter ficado com a imagem a cores do que o som a preto e branco, palavras que para sempre marcaram a minha vida.
No final lembrei-me mesmo foi da tranquilidade daquela pessoa e acedi à ideia. Egoísta e egocêntrica, mas na verdade porque a minha opinião não era comum à dela e porque se recusou a aceitá-la.

2 comentários:

PostScriptum disse...

Mesmo sem nos darmos conta não olharemos vezes e tempo de mais para os nossos próprios umbigos?!
Beijo

Domus quieta disse...

Difícil a aceitação de adjectivação que nos faz sentir menos "boas pessoas". No entanto, eu acredito piamente que todos somos egoístas e egocêntricos. Somos nós próprios, lutamos por nós e para nós, porque temos um nome próprio e uma impressão digital única, porque somos nada entre tantos... Mas somos "nós", e a ausência de partilha não é o único sinónimo de egoísmo - este seria talvez o egoísmo extremista. Partilhas o teu namorado? ou o teu perfume? ou aquele creme caríssimo adequado ao teu tipo de pele?

Sei lá, sinto que o egoísmo não é na sua essência um "pacote estragado", talvez não seja aceite da forma adequada.

Quanto ao egocêntrismo, defendes/proteges a tua identidade, lutas por ela, pelos TEUS interesses e isso é outra das coisas que duma forma medida é saudável.

*DQ (saudades)

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